terça-feira, 14 de junho de 2016

Era pra ser um resumo

Estou fazendo isso por que me disseram que iria me ajudar. Me sinto realmente patética, mas vamos lá. Muitos, quando eu conto a minha história, acham que eu levo uma vida perfeita. Mas isso é por que eles não escutam cada detalhe em específico. Vou parar de enrolar. Para começar a minha história, preciso começar com a história da minha mãe e do meu pai. Meu pai é descendente de japonês, sendo o meu bisavô um japonês puro, nascido realmente lá. Ele e a minha bisavó migraram para o Brasil, e quando chegaram, viram que o sobrenome deles não os faria nobres como no Japão, então eles tinham uma classe social muito baixa. Já a minha mãe, ela é francesa (nascida e criada lá), e vem de uma linhagem muito rica. No tempo da faculdade dela, ela brigou com meus avós e veio para o Brasil. Ela não pediu dinheiro, disse que poderia muito bem se virar sozinha do zero. Ela morou no Rio de Janeiro, a cidade do meu pai. Foram para a mesma faculdade federal e lá se c onheceram. Algum tempo depois, meu pai me disse que, em uma noite que ele estava numa festa muito bêbado, ele transou com a stripper da festa. No caso, a minha mãe. O infortúnio então aconteceu: eu. Meu pai não sabia da gravidez dela até os 7 meses de gravidez. O meu tio (que morava com a namorada em Paris) ajudava financeiramente. Meu pai ajudava também com a pensão. Nos meus primeiros meses de idade, minha mãe me largou com meu pai e voltou para a França. Um lembrete: os dois se odiavam MUITO. Assim que eu me acostumei a viver num sítio meio pobre do Rio de Janeiro, com uma vida simples de quem mora na fazenda, minha mãe me liga e fala para eu ir morar com ela. Acontece que ela viu que meu pai estava se apegando a mim, e viu também uma oportunidade de acabar com a vida dele. E, aos 7 anos de idade, fui morar lá. Não falava nada de francês, então meu avô me colocou numa escola internacional, na qual eles falavam inglês. Fiquei mais ou menos dois anos lá. Foi aí que começou a dar tudo errado. Nunca gostei de usar vestidos, ou maquiagem, e isso enfurecia muito a minha mãe. Ela me colocou em vários cursos, de artes, ginástica, pois queria a filha perfeita. Minha avó, insistiu em contratar 9 professores particulares para eu estudar também em casa, e também a entrar em concursos estaduais. Meu avô me obrigou a aprender a tocar violino e piano. Eu estava muito sobrecarregada. Meu estado psicológico, desde aquela época, era muito instável. Para começar que, meu irmão, filho do meu atual padrasto, era muito mais amado. E minha mãe insistia em deixar isso claro. Ele é dois anos mais novo do que eu. Ele sempre morou em Paris. Atualmente fala 5 idiomas, 4 deles fluentemente. Sabe tocar muito bem vários instrumentos. Enfim, o filho perfeito. E eu era o resto. A fresca para comer. A desajeitada. A burra. Nunca tive raiva dele, mas não posso negar que sentia tristeza ao ver ele recebendo milhares de presentes e eu nada. Ele também sempre viajou muito com meu avô, para as conferências de caça no exterior. Depois de dois longos anos, minha mãe voltou a morar no Rio de Janeiro. Comprou um terreno, construiu uma casa. Meu irmão e o meu padrasto vieram junto. Meu irmão foi colocado em uma escola particular da alta sociedade, e eu fui para uma escola pública. Meus cursos todos pararam, mas minha mãe ainda via a oportunidade de ganhar dinheiro me colocando em concursos estaduais. O primeiro que eu participei no Brasil, eu fui junto com o meu irmão, num de xadrez. Mais de 100 crianças participando. Meu irmão ficou em primeiro, e eu fiquei em quinto. Voltamos para casa. Minha mãe encheu meu irmão de parabéns e beijos, depois que ele foi para seu quarto ela se virou para mim e disse: '-Quanto a você, eu já esperava a maior das decepções'. Depois de um tempo, entramos na nova fase da minha vida. Aos poucos fui percebendo que os meus poucos amigos olhavam estranho para mim por caus a do meu relacionamento com a minha família, e eu percebi que não era normal, mas deixei de lado. Meu pai, vendo que minha mãe me batia constantemente e me maltratava muitas vezes até na frente de outras pessoas, foi na justiça pedir pela minha guarda. Tudo o que ele conseguiu foi a guarda compartilhada, mas foi o suficiente para ele começar um concurso para ir para o RS. Aí começou outra desgraça, a minha madrasta veio morar junto com a gente. Meu relacionamento com ela nunca foi bom. Ela me chamava de preguiçosa. Teve uma noite, na qual meu pai teve que viajar para outra cidade a trabalho. Ela estava brigando comigo gritando e me ameaçando. Eu chamei ela de empregada. Ela me deu um tapa bem forte na cara, e me trancou no meu quarto até algumas horas antes do meu pai chegar (mais ou menos um dia). Ela me obrigava a ir de mês em mês visitar a minha mãe. Meu pai, vendo que eu estava com marcas estranhas, andava torto e estava sempre de cabeça baixa, me encamin hou para a minha primeira psicóloga. Eu ficava literalmente 40 minutos sentada sem fazer nada além de respirar. As vezes eu falava algumas coisas, e mesmo com pouco, ela me diagnosticou com depressão severa. Eu não entendia muito bem o que significava, mas eu simplesmente continuei a minha vida. Até hoje eu tenho isso. Depois que eu chamei a minha madrasta de empregada, ela arrumou um emprego e me deixou para cuidar de quase tudo na casa. Lavar roupas. Passar roupas. Limpar o chão. Lustrar os móveis. Fazer minha própria comida. Foi nessa época também que o meu pai cismou que eu tinha que ser uma aluna perfeita. Eu ficava de castigo cada anotação que eu levava, e a cada 10 que eu não tirava. Vendo que meu estado de depressão só piorava, a minha psicóloga insistiu para meus pais adotarem um animal de estimação. Foram a uma loja e pegaram uma gata vira-lata. Eu me apeguei muito a ela em pouco tempo, o que foi um erro. Assim que eu e minha madrasta entramos em conflito de novo, ela disse que a gata não era mais minha, deu um novo nome para ela e disse para eu nunca mais encostar um dedo nela. E isso vem até hoje. Passou um tempo e eu fui para SC, onde moro hoje. Eu fiz algumas amizades que não deram certo. Estou em uma escola cheia de pessoas ignorantes. Ano passado, tentei me matar tomando muitos remédios, mas eu só desmaiei, e depois vomitei. Até hoje, ninguém sabe que eu tentei me matar, ou que eu já me cortei muito. Bem, não quero escrever mais, pois a situação não vai melhorar por nada. Não espero que venham com discursos religiosos falando que suicídio é pecado, ou falando que sentem pena de mim. Espero somente, que pelo amor de Deus, publicar isso me ajude nessa situação de merda.

2 comentários:

  1. Menina gostei de voce, não venham com discurso relegioso, e sempre vem né???
    Se quiser conversar, danielzilocchi@hotmail.com

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  2. Bom dia, me parece uma pessoa muito forte , por um minuto pensei que lendo sua história terminaria com um final feliz, quando declarou que se apegou com a gata mas infelizmente lhes tiraram,mas sabe existe um amigo de verdade que a cultura popular o descreve de forma mística e alguns intelectuais desenformado diz que os que buscam são rasos , mas que de místico não tem nada um amigo que não existe madrasta que pode lhes tirar, não há morte que possa separar , que não só escuta como uma psicologa mas que lhes diz o quanto é preciosa ,independente de tirar 10 ou 0 , e realmente te ama e já provou isto e não a acusa de ser pecado o que quer fazer o papel dele é mostrar o quanto é amada por ele, gostaria que antes de qualquer decisão , conhece a história de uma pessoa que assim como você foi hostilizada, logico que por motivo diferente mas hostilizada esta historia ESTA no livro João capitulo 8, esta história de rejeição teve um final feliz espero que a sua também tenha assim como no encontro de Maria Madalena

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