quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Tem, a Vida, sentido?

Sabes... do ponto de vista de uma pessoa ordinária (normal), a resposta é sim. Pessoas normais são também tristes, eu sei. Elas falham, mas se mantém em pé. Conseguem, não sei como, ter um certo dom que lhes dá a competência necessária para viver. Assim, conseguem satisfazer sua vida interna, independente do que mova esta interioridade; se dinheiro, se amor, se Deus, etc. Portanto, do meu ponto de vista há, para elas, um sentido, mesmo que particular, para a vida.

Mas eu... eu falhei em tudo. Falhei miseravelmente, pois não tentei nada.
Não quer dizer que não tenha feito nada, na vida - no sentido prático da coisa.
Estou, por exemplo, no último ano da faculdade. Nunca fui muito incentivado a estudar, mas, mesmo assim, sem muito esforço, consigo certo destaque. No entanto, isso tudo é vazio. Não irei dizer que não gosto do que faço - do curso, por exemplo. Pelo contrário, gosto muito. Mas a minha incompetência para a vida, minha preguiça para com ela, fazem com que esse setor também seja arruinado. A minha única vontade é sentar e esperar a morte - o que não significa querer cometer suicídio, é claro.

Vem, então, um estopim - algo que transborda; que deixa tudo pior. Estou ridiculamente apaixonado por uma garota. Ela é a única garota que, dentre todas, não considero, de certo modo, uma imbecil. E não exagero nada ao dizer isso. O contrário de uma imbecil: ela ser incrivelmente sensível e inteligente - inteligente, principalmente. Reformulando o que havia dito, ela é a primeira garota que considero, sem escrúpulos, uma pessoa melhor que eu, tanto no que concerne à inteligência quanto à sensibilidade.

Para piorar tudo, ela tem um namorado. Eu o conheço, até bem - o conheci antes dela. Quando adentrei à universidade ele estava se formando. Um cara muito legal. Os dois estão juntos há 5 anos. Mas isso acaba sendo irrelevante (o problema maior é, pura e simplesmente, eu).

Postulo tranquilamente que estar com essa garota resolveria todos os meus problemas, embora pense também que isso seja provavelmente falso. No entanto, nada me impede de achar que seria feliz com ela, do mesmo modo que me sinto feliz nos poucos momentos que compartilhamos; poucos, mas com muita qualidade. Enfim... no fundo, acho que apenas quero esse ideal.

Mas, sabe o que acontecerá? Respondo: nada. Eu jamais irei dizer a ela como me sinto. Seria ridículo e desrespeitoso com ela e com o namorado dela. E, também, não adiantaria nada: o sentimento obviamente não é mútuo, por mais que ela pareça ter um certo carinho, mais perto de um respeito, pela minha pessoa; ela não iria me desprezar, é claro, mas tudo que resultaria da tentativa é o desnecessário constrangimento, de ambas as partes. Jamais a conseguiria a olhar novamente, e provavelmente o mesmo ela faria comigo - involuntariamente, mas, mesmo assim, um desprezo.

Então, concluo: a única coisa que colocaria, supostamente, algum sentido à minha vida é inviável, tanto porque sou incapaz de tentar, e tanto porque é impossível de se efetivar - mesmo caso tente.
Deste modo, qual o sentido de continuar vivendo? Sim, eu adoro livros, cinema, jogar xadrez, futebol, basquete... Mas qual é o ponto (sentido), se minha existência é completa e inteiramente sozinha e assim há de ser? Tenho minha família; amo meu pai, minha mãe e minha irmã, mas minha convivência com eles não me completam; ter o mesmo sangue não lhes dá esse estatuto; portanto, continuo solitário.
Seria uma covardia pôr um fim à minha vida, principalmente em relação à minha família. Mas, afinal, terei de morrer uma hora; isto é certo. Por que prolongar esta ida, se por aqui não vou fazer nada além de gastar tempo com coisas e com pessoas que ou não gosto ou não me completam?

O que quero não irei tentar, e, se tentasse, deveras falharia.
Não quero me matar, mas parece ser a solução lógica.
O sentido da vida, ao menos para mim, é não haver sentido nenhum.

2 comentários:

  1. Passei por uma situação parecida. Conquistar a garota não resolveria seu problema, porque depois apareceriam outros (foi o que houve comigo). O problema maior não é o mundo, e sim a forma como você o vê. O melhor a fazer é procurar ajuda profissional o mais rápido possível.

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  2. Entendo isso completamente... Minha vida não tem um sentido que me de um prazer para viver, mas por enquanto estou tentando pelo menos aproveitar o presente e ver onde tudo e todas as minhas escolhas me levaram

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